Nota do KadettClube: Como em todas publicações automotivas, existem diversos erros no texto e itens muito mal avaliados. A matéria vale como registro.]
Hatch quebrou paradigmas e criou referências
Chevrolet Kadett Turim
Um revolucionário. Foi assim que, em março de 1989, um "militar" foi recebido pelo Brasil em ano de eleições para presidente. O país, que saía de um jejum de 25 anos de democracia, recebia um cadete disposto a apresentar a vanguarda ao país mergulhado em hiperinflação e retração econômica. O nome do "salvador da pátria"? Chevrolet Kadett.
Há exatos vinte anos, o hatch futurista encerrava o longo intervalo de quase cinco anos sem um carro totalmente novo (a última novidade no mercado brasileiro havia sido o Fiat Uno, lançado em plena campanha das Diretas Já, em agosto de 1984. Na edição de abril de 1989, Autoesporte exibia em sua capa o primeiro teste completo da novidade da Chevrolet. Confira aqui como ele se saiu.
Se para os brasileiros o Kadett se apresentava como novo candidato para a garagem, para os europeus ele era um velho conhecido. O nome Kadett, aliás, é mais antigo do que muitos imaginam. Surgiu em 1936 na alemã Opel, braço europeu da General Motors, que escolheu o nome militar para batizar seu modelo de médio porte. Assim nascia o Kadett 11234. A estranha equação númerica tinha um sentido. O 11 indicava a cilindrada e o 234 a distância entre-eixos. Com 3,8 metros de comprimento, o primeiro Kadett vinha equipado com motor 1.1, de 23 cavalos.
Acima, o último Kadett (esq.) ao lado da versão GS 2.0
Em 1962, a Opel escolheu novamente o nome Kadett para seu regresso ao segmento de compactos. O modelo conhecido como série A contava com motor 1.0, de 40 cv. A geração B surgiu após três anos e a potência chegou aos 55 cv. O modelo posterior, o C, lançado em 1973, é um velho conhecido dos brasileiros: aqui, foi batizado como Chevette e seu lançamento, em março daquele ano, ocorreu seis meses antes ao do modelo europeu. Na Europa o Kadett passou por mais duas gerações antes de chegar ao Brasil.
Em nosso mercado, o hatch "revolucionário de 89" foi lançado em três versões de acabamento: SL, SL/E e GS. Este último vinha com rodas de liga leve aro 14, saídas de ar no capô e aerofólio traseiro. Tinha motor 2.0, de 110 cv. As demais versões utilizavam o 1.8 (95 cv). O GS era a resposta da Chevrolet ao VW Gol GTI e ao Ford Escort XR3. Ainda em 1989 nascia a versão perua, batizada de Ipanema. Ela aposentava a Marajó. O visual polêmico – que trazia a tampa do bagageiro horizontal – foi uma das responsáveis pelas vendas tímidas.
Em setembro de 1991, a GM aposentava o Kadett na Europa, onde foi substituído pelo Astra, o mesmo que viria ao país importado da Bélgica, em 1995. No Brasil, o GS virava GSi com a adoção de injeção eletrônica de combustível em toda a linha.
Versão conversível GS (esq.) e modelo fabricado em 1991
Uma nova variante do modelo – também uma das mais encantadoras da década de 90 – surgiu logo depois, o Kadett GSi conversível. Assinado pelo estúdio de design italiano Bartone, o assoalho e parte dianteira nacionais iam à Itália para receber a carroceria e retornavam ao Brasil onde o motor era adicionado. Em 1995, a importação do Astra tirou de linha a versão mais completa do Kadett. No ano seguinte surgia a opção Sport, equipada com motor 2.0 e saída dupla de escapamento. Na mesma época o Kadett passava por sua primeira e única mudança estética no Brasil. Ganhou para-choques mais arredondados, nova grade e lanternas fumês.
Modelo Wave era Kadett perua (esq.); Primeira propaganda do Kadett (dir), nos EUA
No final de 1997, os europeus eram apresentados à segunda geração do Astra e a GM anunciava a intenção de produzi-lo no país. Um ano depois, em setembro de 1998, o último Kadett saía da linha de produção de São Caetano do Sul (SP), chegando a hora do militar revolucionário se reformar.
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